Microsoft Purview no Ignite 2025: segurança de dados integrada para a era de IA e agentes
Source: Dev.to
Visão geral
Se você ainda pensa em segurança de dados como “perímetro + ferramentas isoladas”, 2025 já te passou por cima.
Hoje os dados circulam entre multi‑cloud, SaaS, endpoints, copilots, agentes autônomos e pipelines de dados (Fabric, lakes, warehouses) numa velocidade que ferramentas legadas e silos simplesmente não acompanham. O resultado é previsível:
- Baixa visibilidade
- Alto risco
- Resposta lenta – mesmo com investimentos gigantescos em segurança.
No Microsoft Ignite 2025, o posicionamento do Microsoft Purview foi apresentado como a resposta para esse novo cenário: uma plataforma de segurança e governança de dados integrada ao fluxo de trabalho (Microsoft 365, Azure, Fabric) e cada vez mais estendida para fora do ecossistema Microsoft.
Mensagem chave: segurança de dados deixou de ser “visibilidade” e virou “ação” – orientada a postura, risco e automação.
O problema real: por que os modelos antigos falham
Três dores aparecem com frequência em qualquer conversa séria com CISO, DPO, arquitetura e engenharia:
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Ferramentas fragmentadas
- Soluções pontuais que não conversam bem → você perde o “filme” do risco e só enxerga “frames”.
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Risco novo com IA no trabalho
- Prompt vira canal de exfiltração.
- Agente vira executor.
- RAG vira “busca com consequência”.
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Escassez de mão‑de‑obra especializada
- Não dá para escalar segurança apenas com mais pessoas.
- Precisa escalar com automação + inteligência.
É nesse contexto que o Purview evolui: menos “console de compliance”, mais plataforma operacional de proteção e governança de dados.
1️⃣ DSPM (Data Security Posture Management): de dashboard para playbook acionável
Uma das maiores novidades é a evolução do Purview DSPM, agora com uma experiência unificada (DSPM + DSPM for AI) como “ponto central” para insights e controles.
Na prática, o DSPM está se tornando um sistema de postura: você não só mede o risco, como orquestra a correção.
Destaques
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Workflows orientados a resultados (Outcome‑Based)
Escolha um objetivo (ex.: reduzir oversharing, melhorar rotulagem, reduzir gaps de DLP) e receba: métricas relacionadas, padrões de risco, plano de ação recomendado e impacto esperado. -
Remediação em escala
Avaliações de risco com análise em nível de item e ações concretas (ex.: desabilitar em massa links overshared no SharePoint). -
Postura pronta de fábrica (Out‑of‑box reports)
Relatórios prontos com contexto real: uso de labels, efetividade de auto‑labeling, drift de postura, atividades de DLP. -
AI Observability
Inventário de agentes + nível de risco + métricas de postura baseadas nas interações agentic com dados corporativos.
Ponto crucial: se você não consegue inventariar agentes, não governa agentes.
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Copilot para segurança (Security Copilot Agent)
Agente que acelera a descoberta/análise de dados sensíveis em arquivos, e‑mails e mensagens – reduzindo o trabalho manual do time de segurança. -
Visibilidade para dados fora da Microsoft
Integrações para enxergar riscos em Salesforce, Snowflake, GCP, Databricks (via parceiros e Microsoft Sentinel).
Leitura de arquiteto: o jogo é data estate, não “tenant”.
2️⃣ Auto‑labeling expandido: governança que acompanha onde o dado vive
Purview está ampliando o auto‑labeling para novas fontes do Data Map (ex.: Snowflake, SQL Server, Amazon S3).
O que isso muda na prática?
- Você para de depender do usuário “lembrar de rotular”.
- Aplica política de forma consistente (e auditável).
- Prepara o terreno para IA com menos risco: se não classifica, não controla; se não controla, oversharing é questão de tempo.
3️⃣ Purview para agentes: quando “identidade” vira requisito de governança
Com agentes autônomos surgem riscos novos:
- Acesso não supervisionado
- Interações em cascata (agente falando com agente)
- Accountability nebulosa (quem “fez” a ação?)
A evolução do Purview aponta para dois modelos:
- Agentes que herdam políticas do usuário
- Agentes com identidade própria (Agent ID), com políticas e controles específicos
Principais extensões
| Extensão | Descrição |
|---|---|
| Information Protection e DLP aplicados a agentes (Agent ID) | Políticas Purview consideram o agente como entidade governável. |
| Insider Risk Management para agentes | Indicadores e analytics comportamentais dedicados para detectar atividade suspeita de agente e atribuir score/nível de risco. |
| Compliance end‑to‑end para interações agentic | Communication Compliance, Data Lifecycle Management, Audit e eDiscovery cobrem interações de agentes. |
| Purview SDK embutido no Agent Framework SDK | Ponte para dev/pro‑code: agentes nascem com classificação, prevenção de leak/oversharing e trilha de compliance “by design”. |
| Integração com Foundry | Interações de apps e agentes fluem para Purview para governança centralizada. |
| Azure AI Search honrando labels e políticas Purview | Ponto ouro para arquitetura de RAG: • Indexadores (SharePoint, OneLake, Blob, ADLS Gen2) ingerem labels • A busca aplica políticas correspondentes • Só retorna documentos autorizados, evitando oversharing em cenários agentic RAG |
| DLP estendido ao Copilot Mode no Edge for Business | Navegação assistida por IA respeita proteções existentes (ex.: impedir colar em domínios sensíveis, evitar resumir conteúdo sensível). |
4️⃣ Proteção contra oversharing com IA: o prompt virou “superfície de ataque”
Duas evoluções práticas:
- Detecção de prompts de alto risco – análise em tempo real de solicitações ao modelo, bloqueando ou sanitizando instruções que possam levar à exfiltração de dados.
- Restrição de respostas baseadas em classificação – o modelo só devolve trechos que estejam rotulados como “públicos” ou que tenham permissão explícita para o usuário/agent que fez a chamada.
Conclusão
O Microsoft Purview está se transformando de um console de compliance em uma plataforma operacional que:
- Unifica visibilidade e ação.
- Escala remediação via automação e AI.
- Estende governança para agentes, IA generativa e ambientes multi‑cloud.
Para arquitetos, líderes de segurança e equipes de dados, a mensagem é clara: adotar Purview agora é garantir que a postura de segurança acompanhe a velocidade da inovação.
P para Copilot: agora protegendo prompts
- Antes: bloquear arquivos/e‑mails rotulados como grounding.
- Agora: bloquear prompt com dado sensível em tempo real — e impedir até consultas web que levariam o dado para fora do ambiente controlado.
Isso é uma virada importante: o controle não é só no “documento”, é no fluxo de interação.
Proteção inline ampliada no Edge for Business
- Protege contra vazamento para apps de IA “consumer”.
- Expande o suporte para dezenas de apps e também para upload de arquivos, não só texto.
Proteção inline em nível de rede (SSE)
Para atividades fora do browser, integrações com SSE (ex.: Netskope, iboss, etc.) detectam e agora também bloqueiam dados sensíveis indo para destinos não gerenciados.
Purview e IA on‑device (ex.: Recall em Copilot+ PCs)
- DLP pode impedir captura/retention de conteúdo sensível baseado em label ou SITs.
- Tema para arquitetos: política de dado também no endpoint, não só na nuvem.
“Higiene corporativa” que dá escala – melhorias que parecem pequenas, mas mudam o jogo
Algumas capacidades são menos “glamourosas”, mas resolvem problemas reais:
| Capacidade | Descrição |
|---|---|
| Classificação sob demanda para transcrições de reunião | Muitas informações sensíveis moram em transcrições gravadas — ouro (e risco) em ambientes com Copilot. |
| Extended SharePoint permissions | Aplicar label padrão em uma library inteira com enforcement dinâmico e criptografia automática em downloads, controlado via membership. Facilita “arrumar a casa” antes de liberar IA em larga escala. |
| Endpoint DLP ampliado | Proteção para: • arquivos não salvos • mídia removível (mais ampla) • anexos do Outlook copiados para USB/network shares • expansão de capacidades para macOS |
| Melhorias operacionais em DLP | Diagnósticos always‑on, acesso on‑demand a logs, investigação de alertas simplificada e severidade sincronizada com Defender. |
| Relatórios de consumo e postura | Identifica gaps, otimiza licenças e entende custos de features consumptivas. Arquitetos precisam disso para sustentar governança financeira do programa. |
O que levar para a mesa de arquitetura: o “novo stack mínimo” para IA segura
Se você está desenhando adoção de Copilot/agentes em ambiente corporativo, Purview entra como peça estrutural.
Checklist de arquiteto
- Classificação e rotulagem (labels)
- DLP baseado em conteúdo + contexto + identidade (usuário e agente)
- Postura e priorização (DSPM) com workflows acionáveis
- Observabilidade de agentes (inventário + risco)
- RAG com enforcement de política (ex.: Azure AI Search honrando labels)
- Cobertura de endpoints e rede (Edge + SSE + endpoint DLP)
- Auditoria, retenção e eDiscovery para accountability agentic
Sem isso, o programa de IA pode até crescer rápido… mas cresce com risco proporcional.
Conclusão: segurança de dados não é “freio”; é habilitador de IA em escala
O que o Ignite 2025 sinaliza é uma mudança de mentalidade:
- Antes: “vamos proteger arquivos”.
- Agora: “vamos proteger interações, fluxos e execução por agentes”.
Purview está sendo posicionado como a base para transformar segurança de dados em vantagem estratégica, permitindo adoção de IA com velocidade — mas com controle, rastreabilidade e governança.
Para quem quer virar arquiteto: dominar Purview não é sobre “compliance por compliance”. É sobre projetar um ambiente onde IA pode operar com segurança, sem travar o negócio e sem deixar o risco invisível.
Pergunta para discussão
Na sua empresa, qual é o maior bloqueio para adotar IA em escala com segurança?
- Falta de classificação/labels?
- SharePoint/Teams “overshared” há anos?
- DLP difícil de operar (ruído, falsos positivos)?
- Falta de visibilidade de dados fora da Microsoft?
- Medo de vazamento via prompt e apps consumer?
Obrigado pela sua leitura!